sábado, 24 de março de 2012

Crise renal - parte 2: A internação

No que retornei para a Emergência,  o  médico pede para me aplicarem outra dose do analgésico subcutâneo e me dá a notícia que precisarei ficar internado para ser cuidado. 
Tinha uma 'pedrinha' de 3mm entupindo o ureter e já causando hipertrofia do rim direito.
Marrravilha.
Já que é assim, liguei para minha irma. Para minha sorte ela estava  no Rio e foi ao meu encontro.
Quando ela chegou eu estava há quase uma hora deitado na sala de repouso. Aí, praticamente, já sem dor. Ainda bem. Eu devia já estar exalando a analgésico.
O que estamos esperando? O plano de saúde autorizar a internação. Até que não demorou.
Ambulância de novo. Ao chegar no hospital já estavam me aguardando e fui direto para um quarto.
Logo passou um clínico geral que meu deu a notícia de que já haviam chamado um urologista e que provavelmente eu precisaria de uma intervenção para expulsão do cálculo. Nada de comida nem água!!
Pouco mais tarde chega o urologista, que confirma o diagnóstico e informa o que vão fazer: uma ureterolitotripsia - método onde ondas de choque são aplicadas diretamente nos cálculos, através do endoscópio inserido pela uretra até o ureter. Sob sedação, claro.
Ufa!
No hospital me deram outra dose de Buscopan e puseram no soro.
Lá pelas 13h fui levado para uma sala de cirurgia.
Tava de papo com e equipe até que alguém pôs uma mascara sobre minha boca e nariz.
Puff.
Próxima lembrança: acordando no quarto.
Tradicional passagem do médico. Explicações recebidas e uma noite em observação.
Ah sim! Na primeira parte eu falei do meu carro. Minha irmã até que tentou, antes de sairmos da emergência, comprar o tíquete. Sem sucesso.
Depois que eu já havia chegado no hospital conseguimos que meu sobrinho fosse buscar meu carro e levar para a garagem do prédio onde moro.
No procedimento correu tudo bem.
Até hoje de manhã, quando foram retirar o catéter.
Ufff! Como ardeu. Urinar as primeiras vezes ...
Resultado: como a passagem estava de certa forma estreitada, deixaram umcateter chamado de duplo J, ou rabo de porco (pig-tail em inglês), para garantir a permeabilidade da via manipulada.

O cateter apresenta as duas extremidades em forma parecida com a letra J, daí o seu nome. O Duplo J apresenta furos em seu trajeto que permitem o escoamento da urina

Como funciona o Duplo J 

Uma ponta fica dentro do rim e a outra dentro da bexiga. Portanto, mesmo que haja obstrução em algum ponto do ureter, independente da causa, o duplo J garante a permeabilidade da via urinária. Este cateter pode permanecer por várias semanas até que o urologista ache seguro retirá-lo.

Leia o texto original no site MD.Saúde: CÁLCULO RENAL | Tratamento e duplo J http://www.mdsaude.com/2008/11/tratamento-de-clculos-e-duplo-j.html#ixzz1q4jrkmMU
 

E agora já estou em casa. Para a semana que vem tenho que agendar a retirada desse cateter.


Agora estou bem. Agradeço o carinho de todos.

Crise renal - parte 1 - périplo na emergência

Água, água, água.
Saber da necessidade de um litro, um litro e meio por dia, já fato velho.
Mas nem colocando uma garrafa sobre a minha mesa de trabalho faz com que eu ingira mais que uns 300ml por dia. Na verdade é um pouco mais pelas vezes que tomo chá durante o dia. Deve chegar - na média - a uns 500ml.
A ideia é não deixar formar os cálculos nos rins. E fazer com saiam, ainda na forma de cristais, bem pequenos, junto com a urina.
Na quinta-feira à tarde, fiquei com a uretra incomodada após urinar. OK. Saiu uma pedrinha que passou raspando pelas paredes interna do canal.
Recado dado: fim de tarde e à noite tomando mais água e chá para ajudar a expelir e prevenir a formação.
Mas, às 2h30 de sexta-feira, acordo eu com fortes dores no abdomen, abaixo do umbigo, pro meu lado direito. 
Sem ideia do que fosse. Se fosse atrás, um pouco mais alta: rim - essa eu já conheço. Na frente em cima, perto das costelas do meu lado direito: vesícula - essa eu também conheço.
Mas da madrugada de sexta era nova.
Pensei em intestino. Não comi nada que pudesse causar transtorno intestinal. Seria alguma obstrução?
Bem, cadê o Buscopan? Humm. Não tenho. Vai de Novalgina gotas mesmo.
Fico andando pelo apartamento, meio de lado, parecendo um zumbi. 
Já beirando as 3h, decido ir para um pronto socorro. Vou dirigindo ou tento um táxi? Olho pela janela da sala e está chovendo. Táxi? Nem táxi fantasma passava. Vou de carro.
Fica uns cinco quarteirões daqui de casa. Putz! Tem uma placa de proibido estacionar. Não sei quanto tempo vou demorar e a GM-Rio tem marcado em cima. Oba! Tem uma vaga do outro lado da rua. Tíquete obrigatório a cada duas horas. Se for o caso, ao amanhecer eu acerto com o guardador.
O interessante de atendimento de emergência é que os atendentes não acham que ali é para atender emergências! Eu curvado de dor, já tendo entregue identidade e carteirinha do plano de saúde e a mulher do balcão perguntando: idade (Pxxxa! faz a conta! Minha data de nascimento tá na sua frente!), cep, número, primeira vez aqui ...
E mesmo com o lugar vazio, eu somente fui atendido já eram 3h40min. Fato é que, o ar naquele lugar estava tão frio, que achei que deveria ser alguma nova técnica para aliviar o sofrimento de vai até lá.
03h45min: após algumas perguntas básicas a médica manda me aplicar um analgésico. Aguardar na sala ao lado. Me entregaram uma requisição para exames de TC, sangue e urina, com a orientação de já ir para o laboratório - corredor ao lado - com o material colhido.
E quem disse que com dor na barriga e frio alguém consegue urinar. Sangue coletado, já beirava 04h15 e nada da dor ceder.
Reclamei e a médica mandou aplicar um outro analgésico.
Mais frio na sala de espera. Sentei numa poltrona perto da porta que foi o local menos frio que encontrei.
A dor não passava. Chamo o atendimento outra vez. Agora um médico me atendeu e mandou que me aplicassem um terceiro analgésico, desta vez subcutâneo. O técnico que aplicou ainda tentou fazer uma piadinha, dizendo que se a dor não passasse com aquele remédio, era porque a coisa 'tava ruim mesmo'.
Nisso, já beirava 5h.
Fui levando numa ambulância para um centro de diagnóstico por imagem. De novo, um frio para urso polar nenhum por defeito. Pior:
- Senhor, por favor estique seus braços atrás da cabeça respire fundo e prenda a respiração.
Ok. É leitor. Tente fazer isto com fortes dores no abdomen - quem disse que o terceiro analgésico (o quarto, contando com a Novalgina). Nisso eu ouvi o despertador do meu celular tocando: 05h40.
Volto para ambulância, que retornou comigo para a Emergência . Já havia amanhecido. No caminho pergunto ao técnico de enfermagem que estava me acompanhando o que estava escrito no laudo da Tomografia Computadorizada. 
- Ah! Tem um cálculo preso no seu uretér.
(Continua...)

quinta-feira, 22 de março de 2012

A receita da 'pancakes'

Um dos meus passatempos prediletos é cozinhar.
Não. Não é hackerismo nem nada ligado a computador.

"Pilotando" o fogão é onde me desestresso, crio, experimento.

Há alguns dias postei uma foto de umas pancakes que preparei e várias pessoas me perguntaram pela receita.

Aí vai:



Ingredientes (para duas unidades - uma pessoa)

2/3 xícara de farinha de trigo
1/4 xícara de açúcar
1/4 xícara de leite
1 ovo
1/2 colher de café de fermento químico
10 gotas de baunilha
1/2 colher de café de sal

Preparo

Misture bem todos os ingredientes até conseguir uma mistura homogênea.
Coloque sobre fogo médio uma frigideira (18 cm) com antiaderente (teflon).
Nela coloque 1/2 colher de chá de manteiga.
Tão logo a manteiga derreta, espalhe-a pelo fundo da frigideira e coloque uma concha da mistura.
Deixe assar até começar a soltar do fundo.
Vire e novamente deixe assar até soltar do fundo.
Se quiser, repita o processo para a pancake ficar mais 'morena'.

Sirva com coberturas, tais como geléias, mel, brigadeiro mole, requeijão ...

segunda-feira, 12 de março de 2012

Nas frias águas do mar de Ipanema.

Essa foi a noite em que senti mais falta da Dk comigo nesses quase 70 dias que ela partiu para a Coréia do Sul.
Eu estava precisado de atenção, de carinho, de colo da mulher amada...

Quem convive comigo sabe que detesto frio. 

E fui traído justamente pelo mar de Ipanema, em pleno verão.

Ontem, dia 10/03/12, tivemos uma etapa da maratona aquática Rei e Rainha do Mar Light, de Ipanema (da altura da Farme de Amoedo) até o Arpoador. Modalidade Sprint:1.000m.

Seria minha primeira participação neste tipo de prova. 
Quando eu corria, participei de várias corridas de 5/10km, uma meia maratona e uma São Silvestre.
Mas no mar, seria minha primeira experiência.

Para minimizar a temperatura da água do mar, comprei uma dessas blusas que os surfistas usam quando a água está mais fria.

Blusa, touca, óculos, chip preso, amarração da sunga conferida.


Breve aquecimento e foi dada a largada,
Eram 17h.
Apesar de ter amanhecido dia claro, com sol, o tempo virou de tarde e estava completamente nublado, com uma brisa mais fria.

Corro para a água e inicio a  travessia da arrebentação em direção à primeira boia.
A água estava fria. Comecei a tremer e a sentir meus pés iniciando a ficarem dormentes.
Não vou insistir. Eu me conheço o bastante para saber o que vai me acontecer depois se eu continuar. Antes de contornar a primeira boia eu retornei.

Já de volta à beira da praia, ainda um pouco trêmulo, olho a multidão que contornou a primeira boia e avança em direção ao Arpoador. Vejo também que alguns nem entraram totalmente na água e desistiram, e os jet skis e staff de apoio na água já retirando vários participantes.

Inicio minha caminhada para o local da chegada. Converso com outros desistentes sobre a baixa temperatura da água e somos unânimes na conclusão que estávamos ali pela diversão e não para sofrer no frio.

Chegando no Arpoador, vejo os participantes que concluíram a prova com lábios arroxeados, com frio e "batendo queixo". Presenciei a equipe médica atendendo cinco casos graves de hipotermia. 

Na barraca da academia Physical, meus colegas que terminaram a prova chegavam gelados, e logo eram recebidos com toalhas e cangas e um copo de chocolate quente. 
Aliás,  o chocolate quente acabou sendo solidariamente servido também a participantes que não eram de nosso grupo mas passavam na barraca pedindo ajuda.

E lá vem outro na maca envolto nessas folhas que parecem papel alumínio, direto para o posto médico.

Mas o tempo todo, desde que assumi que eu não tinha condições de continuar, fiquei com uma forte carga de frustração. Foram dois meses treinando na academia para esta prova. E eu não resisti à temperatura baixa da água.

Apesar do pouco tempo que eu estive na água, mesmo ao chegar em casa ainda estava com a sensação de frio nas pernas e pés. Como se fora uma "queimadura". Se eu houvesse insistido então ...

Tomei um banho quente e fui para minha cama.

Dormi logo mas acordei poucas horas depois com uma sensação horrível de frio e calor. Ao tempo em que sentia frio, puxando sobre mim a colcha da cama, sentia calor - a noite estava quente - e suava. Suei tanto que encharquei a roupa de cama.
Plin! Duas da manhã. Eu acordado. Trocando roupa de cama e tomando outro banho.

Não deixava de pensar que não fiz a prova. Não me sentia bem com isto. Mesmo tendo a certeza que eu iria me dar mal se insistisse.
Mas tantos foram até o fim (e tantos passaram mal ao fim da prova!) .

Ainda não estou bem com isto.

domingo, 4 de março de 2012

Quanto mais espero, menos tenho que esperar.

A frase do título não é minha.
Está numa animação muito bem humorada, e até filosófica, sobre a espera por um ônibus sábado a noite.
(Vale ver:O Paradoxo da Espera do Ônibus,  http://www.youtube.com/watch?v=Ibow_K7fqF0&feature=colike)
Hoje, dia 04, completam dois meses que AD embarcou para a Coréia do Sul.
Como em muitos e muitos outros desses sessenta dias, acordei cedo. Creio que nisto temos o clássico "o hábito faz o monge", já que é minha rotina estar fora da cama às 5h30min.
Não me levantei. Lembrei da data de hoje e dos sessenta dias sem estar com ela. Fiquei recostado na cama deixando minha mente vagar...
Frequentemente me perguntam como é.
Como é o quê? Estar sem a presença dela? Estar sem o carinho físico dela? Depois de cinco anos juntos, num quase repente estar, de certa forma, separado? Estar sem fazer sexo? Tocar sozinho a rotina da casa, com minhas filhas e o filho dela que ficou comigo? Estar "separado"  mas não solteiro?
Eu digo: é estranho e bonito (Viva Renato Russo!).
Ir a alguns lugares e logo pensar que posso levá-la ali quando ela voltar. Tomar o vinho do final de semana e lembrar que fazíamos isso sempre juntos e pensar o que fazer de marcante quando ela voltar.
Quando ela voltar.
Quando ela voltar ...
Como é que será quando ela voltar?
Dez meses depois.